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segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Ela


Que dia exaustivo! Não diferente dos demais. Ao meter a chave pela fechadura do portão, Ela sentia-se aliviada, finalmente o regresso ao único local em que poderia ser quem era, sem máscaras nem pudores. Enfim em casa. O cachorro corre ao perceber sua dona, e busca as festinhas tão agradáveis propiciadas por aquelas mãos. Dado os devidos cumprimentos, o cão afasta-se, por compreender bem toda a rotina.
O melhor a fazer, era um banho! Despindo-se pela casa, com a mais juvenil liberdade. Olhou a beleza de seu corpo cansado no espelho, e logo reviveu a lascividade do olhar de seu colega de setor. O melhor a fazer era um banho! Sim, em segredo seu corpo dava-lhe orgulho. Somente em segredo. Para os demais era necessário mostrar-se culta, inteligente, articulada, atributos sem os quais Ela não conseguiria enfrentar o mundo. Banhou-se, seguindo um demorado ritual, deixando escorrer ralo a fora seus pesares, temores, amores. Acreditando estar limpa de tudo que passará.
Um lanche rápido, e cama! Saboreou qualquer coisa já aprontada ontem. Nada mal seria comida fresquinha. E lançou-se rumo ao quarto. Hesitou, pensou em levar consigo cão. Dizem ser a melhor companhia do homem. Desfez-se da idéia ao lembrar que o pobre sofria de pulgas. Seguiu. Cama!
Deitada, Ela oca de qualquer sensação, tentava entregar-se a qualquer resquício de sonho. Inutilmente. Seus olhos, como que por uma força maior, permaneciam vidrados em ponto algum, no negrume que a engoliu. Sentiu o Vazio a violar sem pudor. Dormir era o que bastava! Porém seu carrasco açoitava-lhe o rosto, a fim de que seus olhos cegos permanecessem estalados no breu. Ela sentia peito e alma assolados. O Vazio. Impiedoso gritava aos ouvidos dela, com voz rouca e muda, verdades eternas, tão efêmeras quanto à noite. Dormir! Fechar os olhos e só abri-los na manhã seguinte. Lágrimas percorreriam seu rosto feminino, sua fraqueza e solidão eram inegáveis. Entretanto, necessário dormir era, para com o amanhecer, revestir-se, mais uma vez, de suas couraças de mulher moderna.

Vanessa Rodrigues

domingo, 16 de agosto de 2009

Amores desfeitos
rompem,
laços estreitos.

sábado, 2 de maio de 2009


Por não caber em mim fiz-me L E T R A
derramei-me em prosa
cantei-me em verso.
Escrevi-me tanto que acabei por encontrar o teu rascunho
Mal feito
Inacabado
Tentei passar adiante
porém você se fez virgula, para o meu tropeço
reticências... a me prolongar as noites
Exclamativo! O gozo das negativas em mim provocadas eram aparentes em teus hábitos de sujeito indeterminado
Pensei
Compreendi
Esbocei
E por fim determinei
este ponto . É o seu fim


Vanessa Rodrigues

segunda-feira, 20 de abril de 2009

O órgão (re)produtor textual

Houve um tempo em que dedicava horas pensando em assuntos que poderia dissertar. Não que hoje seja diferente, mas percebi que a escrita assim como o sangue esta dentro de nós e percorre todas as áreas de nossos corpos. Sim meu leitor, a vontade de transpor em papel as inusitadas temáticas, surge dos mais inusitados lugares. Peço a vossa senhoria que se colocou na leitura deste texto que não me abandone aos risos, pois, esta idéia tem lá suas verdades...
Seguindo aleatoriamente, começarei dizendo daquelas pessoas que escrevem predominantemente com os intestinos; esses sujeitos são muito característicos, tem um grande potencial de absorção de informações, porém na hora de compartilhar tal capacidade, acabam por excretar os resíduos menos satisfatórios, frustrando o pobre leitor.
Por falar em excretores, existem aqueles que são rins por excelência, indivíduos de pequena relevância, mas se destacam pela produção de dejetos sem valor para eles próprios.
Há também o que eu chamaria de produtores - estomago, que por sua vez pré-digerem outros textos, fazendo seu exercício de interpretação, deixando aos demais, apenas a sua visão dos fatos.
Entretanto, existem autores que fazem a diferença e entre eles, agrada-me muito uma variedade de escritores que trabalham como artérias, propagando discussões e assuntos de grande valor, fazendo com que todos tomem ciência do que esta sendo tratado. Este grupo, esta associado a uma seleta classe – os que produzem com o Coração – por sua posição de destaque, são os precursores dos trabalhos “bombeados” pelos artérias.
Temos ainda sujeitos preocupados em trazer ares amenos ao nosso dia-a-dia, oxigenando nossas almas com suas belas palavras, incorporando com sabedoria a função pulmonar.
Por fim, gostaria apresentar a variedade neurônio de elaboradores textuais, estes são responsáveis pela condução dos impulsos, ou seja, de suas mãos é que surgem os textos mais derramados e subjetivos, estimulados por seus sentimentos.
Vale lembrar que apresentei algumas tendências predominantes, observadas por mim. Mas há quem, em dias de confusão, deixa ora um, ora outro órgão prevalecer, o importante é termos inteligência suficiente para separarmos joio do trigo. Contudo, estaríamos abandonando a discussão anatômica, para adotar algo mais complexo as ciências cognitivas... E olha que eu comecei todo esse imbróglio falando sobre minha preocupação com o ato de escrever...


Vanessa Rodrigues

Sombras de uma noite


As sombras de uma noite que passou...

Não me permitiram ver, que me precipitava ao abismo, guiado pela permissidade de teu olhar.

Sim, o teu olhar desejoso por não mais me ver

Restando-lhe apenas lembranças de tudo aquilo que um dia tentamos ser

A culpa nunca será sua, tão pouco minha...

A culpa será daquelas nevoas da madrugada fria,

A culpa sempre será das sombras de uma noite que passou...



Vanessa Rodrigues

sábado, 17 de janeiro de 2009


Mulheres do topo da Árvore

As Melhores Mulheres pertencem aos homens mais atrevidos. Mulheres são como maçãs em árvores. As melhores estão no topo. Os homens não querem alcançar essas boas, porque eles têm medo de cair e se machucar. Preferem pegar as maçãs podres que ficam no chão, que não são boas como as do topo, mas são fáceis de se conseguir. Assim, as maçãs no topo pensam que algo está errado com elas, quando na verdade, ELES estão errados... Elas têm que esperar um pouco mais para o homem certo chegar... aquele que é valente o bastante para escalar até o topo da árvore.

Machado de Assis