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segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Vovó Bordadeira


Junto aos primeiros raios de Sol, vovó se levantava e punha-se a bordar.
De retalho em retalho, unidos largos pontos largos, em linha firme, surgia uma mesa repleta de guloseimas para que seus netinhos pudessem saboreá-las assim que acordassem. Mais um fio daqui, e uma obrigação de lá, bordava o grande relógio cuco que, todas as manhãs, despertava a criançada, avisando-as de que a hora da escola se aproximava.
Com o dever cumprido, vovó reclinava-se na cadeira e, com tons diversos, bordava pássaros e flores para lhe alegrarem a vida.
Os olhos às vezes doíam um pouco. Então, ela rapidamente pegava em sua caixinha, uma porção de linhas e, logo, uma preguiçosa rede na varanda se estendia a sua espera.
A vida era uma delicia, mas um tanto solitária na ausência dos netos, por isso vovó decidira, bordaria para si uma companhia. Pensou em um outro marido, mas achou-se velha demais. Foi nesse momento lembrou-se do amigo de infância e usando de suas linhas favoritas, num tom bronzeado, fez em um lance o cachorro Carretel. Brincaram até o cair da noite, só pararam porque as crianças da escola já haviam retornado.
Dessa forma, mais um dia se passou. Depois de um banho quente, vovó aninhou Carretel e os netos numa grande colcha de retalhos, costurados bem juntinhos por um fio sem comparação, o fio do amor.


Adaptação do texto A Moça Tecelã de Marina Colasante
Vanessa Rodrigues

De tudo ficaram três coisas...
a certeza que estamos começando...
a certeza de que é preciso continuar...
a certeza de que podemos ser interrompidos antes de terminar.
Façamos da interrupção um caminho novo...
Da queda, um passo de dança...
Do medo, uma escada...
D o sonho uma ponte...
Da procura, um encontro!


Fernando Sabino

Nós e a Bíblia


“Toda Escritura é inspirada por Deus e útil para ensinar, para argumentar, corrigir e para educar na justiça, afim de que o homem de Deus seja perfeito e qualificado para toda boa obra” (2 Tim 3,16-17)

Dentro de nossas Igrejas discute-se a relação do povo com a Bíblia. É bem verdade que o homem tem fome e sede da palavra de Deus, mas em contrapartida, existe um grande desinteresse pelos escritos sagrados, considerados antigos e de difícil compreensão. Realmente, o ato de ler a Bíblia não é simples, e requer de nós fé em Jesus Cristo, que é o Caminho, a Verdade e a Vida. As pessoas não percebem quão atual são os textos bíblicos, pois não conseguem contextualizar o que Deus diz através de seus profetas e apóstolos, ou seja, para compreender a palavra divina é necessário que o homem veja a Bíblia como um espelho, e que as personagens representam cada um de nós, em suas virtude e falhas.
Isso tudo me recorda o Zé, um rapaz humilde, morador de uma pequena cidade no semi-árido Nordestino.
Numa das várias vezes que regressava de esgotantes caminhadas a procura de água, Zé deparou-se com um senhor bonachão à porta de um ônibus, que convocava homens de força nos braços e dispostos a trabalhar, a seguirem com ele rumo aos roçados de cana-de-açúcar do interior de São Paulo. Prontamente nosso amigo apresentou-se ao selecionador que logo viu em Zé um bom empregado. Mas, quando Zé preparava-se para embarcar foi segurado por um homem que lhe disse:
_ Sou um pai de família, dê-me esta chance de poder saciar a fome de minhas crianças e assim garantir suas vidas. Em nome de Cristo, eu lhe suplico!
Zé não era cristão e pouco ouvira falar de Jesus, mas atribuía a Ele uma frase que logo lhe veio à mente: “Ninguém tem maior amor do que aquele que da a vida por seus amigos.” (Jo 15,13). O jovem olhou para aquele pai desesperado e embora se sentisse tentado pela oferta de trabalho, cedeu seu lugar ao amigo de tanto tempo.
O ônibus partiu, e, em meio à poeira da estrada, Zé ainda podia ver o aceno de agradecimento daquele pai. Triste, porém conformado, o rapaz retomou a sua rotina.
Algumas horas após a partida, aquela cidadela recebeu a noticia de que o ônibus se envolveu em um acidente e que todos os viajantes haviam morrido.
Meses depois, a cidade, apesar do luto, vibrava com a novidade: uma multinacional instalou-se nas proximidades, recrutando jovens como Zé, para trabalhar com salário fixo e condições dignas de garantir um futuro.
Esta estória nos mostra como a Palavra de Deus esta viva e inserida em cada um de nós, mesmo naqueles que a desconhece. Somente o que sai da boca de Deus pode operar milagres grandiosos como os ocorridos com Zé, que mesmo sem entender acreditou, seguindo o sublime exemplo de Maria: ela quando não compreendia os fatos ocorridos com seu filho guardava tudo em seu imaculado coração.
Neste caso em particular somos convidados a fazer-mos o mesmo: preservar o irmão, e dar nossa própria vida, no entanto, vale lembrar que dar a vida pelo irmão não significa necessariamente morrer por ele. Dar a vida é também ajudar a quem precisa.


Por: Vanessa Rodrigues

Eternas Promessas


Vivemos em um mundo, no qual os valores cristãos perdem lugar diante de princípios provenientes da sociedade contemporânea. As relações humanas movem-se à sombra de interesses que vão muito além do amor ao próximo.
E essa mudança de valores alterou a forma com que o homem se relaciona com o seu criador. Quantas vezes, na hora da adversidade, procuramos a Deus, rezamos, iniciamos novenas e fazemos promessas, muitas vezes simples de serem cumpridas, porém quando as coisas se normalizam esquecemos o prometido. Contudo, lembremos o que diz o livro do Eclesiastes: “Se prometes algo a Deus, não demores em cumprir. Não lhe agrada uma promessa insensata, o que tiveres prometido, porém, cumpre-o! É muito melhor não prometer do que depois da promessa não cumprir o prometido” (Ecl. 5, 3-4). Não se promete o que de antemão não se pretende cumprir. Deus não é um comerciante e tão pouco necessita de nossos favores, ao contrário, somos nós que recorremos a sua infinita benevolência e graça. Devemos ser filhos dispostos a obedecer e aceitar os desígnios do Pai, usando de nossas provações para glorificar as maravilhas de Deus, e assim realizar o projeto divino em nossas vidas, ou seja, seguir a Cristo de coração aberto, preparados por meio da oração para desamparos, e cruzes que venham a surgir em nossa caminhada. Aquele que crê e espera tudo alcança sem a necessidade de comprometer-se em dar algo em troca ao Senhor, que espera de nós apenas o verdadeiro amor de filhos.
Portanto é necessário que abandonemos nossas vontades particulares e reconheçamos assim como fez Santa Terezinha: “Tudo fora de Deus não passa de vaidade”.




Por: Vanessa Rodrigues

quarta-feira, 1 de outubro de 2008


O cansaço deste passo,
causa dores.
O aperto de teus braços,
meus amores...
...Ei morena, guarda um pouco deste afago,
lembrai deste pobre fadigado.


Vanessa Rodrigues