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segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Vovó Bordadeira


Junto aos primeiros raios de Sol, vovó se levantava e punha-se a bordar.
De retalho em retalho, unidos largos pontos largos, em linha firme, surgia uma mesa repleta de guloseimas para que seus netinhos pudessem saboreá-las assim que acordassem. Mais um fio daqui, e uma obrigação de lá, bordava o grande relógio cuco que, todas as manhãs, despertava a criançada, avisando-as de que a hora da escola se aproximava.
Com o dever cumprido, vovó reclinava-se na cadeira e, com tons diversos, bordava pássaros e flores para lhe alegrarem a vida.
Os olhos às vezes doíam um pouco. Então, ela rapidamente pegava em sua caixinha, uma porção de linhas e, logo, uma preguiçosa rede na varanda se estendia a sua espera.
A vida era uma delicia, mas um tanto solitária na ausência dos netos, por isso vovó decidira, bordaria para si uma companhia. Pensou em um outro marido, mas achou-se velha demais. Foi nesse momento lembrou-se do amigo de infância e usando de suas linhas favoritas, num tom bronzeado, fez em um lance o cachorro Carretel. Brincaram até o cair da noite, só pararam porque as crianças da escola já haviam retornado.
Dessa forma, mais um dia se passou. Depois de um banho quente, vovó aninhou Carretel e os netos numa grande colcha de retalhos, costurados bem juntinhos por um fio sem comparação, o fio do amor.


Adaptação do texto A Moça Tecelã de Marina Colasante
Vanessa Rodrigues

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