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segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Caminhos

*"E sigo. E vou setindo,
[...]
Como um gosto de lágrimas na boca..."
A noite escura cerrou o cintilar das estrelas,
e lua tampouco alumiou,
deixou-se preguiçosa embalar-se nas densas nuvens.
O céu era todo breu. Um negrume sem tamanho,
que somente se compara a solidão de meu olhar...

Um olhar que outrora brilhou inocente
por se inundar na pasmaceira da terra.
Olhos que por vezes flamejaram incandescente
pelo fruto varonil daquele chão.

Mergulhado na penumbra
até o coração se perdeu, e s p e d a ç o u
E teve pedaço que ficou, assentado nos tropeços do caminho,
perdido depois daquela curva, que há de perdurar...
                               
Curva danada, tão acentuada que separa,
                        corpos e coração.
                        Indivíduos que um dia foram retas,
                        sem metas, uniram-se pela efemeridade do momento,
Deram-se as mãos.

Porém estrada é sinuosa, e distante olhar
Já não vês a lágrima que findou aquilo que fomos.
Apenas o pensamento a tentar reparar o que seriamos
Se distância permitisse nossos olhos contemplar.


Imagem: http://joaocalado.net
*Citação: ANDRADE, Mário. Paisagem nº1. In: Paulicéia Desvairada.

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